quinta-feira, 14 de abril de 2011

NOS BRAÇOS DA POESIA PARTE - I




Nos braços da poesia
Sou a chuva e o trovão,
Sou cheiro de chão molhado
Nas terras do meu sertão.
Sou festa pra São Gonçalo,
E o belo canto do galo,
Prenunciando o “clarão”.

Lembro das brincadeiras
Nas noites do Maranhão.
Das estórias de “Trancoso”
Das festas de "apartação".
Eu me lembro todo dia,
Que quando chovia eu ia,
Ver na roça a plantação.

Nos braços da poesia
Escrevo odes e cordel.
Eu pinto um quadro bonito
Usando tinta e pincel.
Louvo o rio São Francisco,
Codinome “velho Chico”,
Que abastece o POVARÉU.

Nos braços da poesia
Eu revelo os meus ensejos.
Aguço minhas vontades
Nas alcovas e “cortejos”.
Procuro a musa mais linda,
Que me mande pra berlinda,
E apascente meus desejos.

Nos braços da poesia
Eu recordo o meu passado.
Visito a minha infância,
Junto a meu pai abraçado,
Lembro de dona Maria,
Que dizia todo dia,
“És um filho abençoado”.

Sou o medo de acordar
Sozinho na noite escura,
Tremendo de tanto frio
Vivendo com "amargura".
E sempre vagando ao léu,
Morando “em baixo do céu”,
Num “teto” sem cobertura.

Nos braços da poesia
Sou Antonio Conselheiro.
Que na guerra de Canudos,
Foi indulgente e guerreiro.
E por ser abnegado,
Queria um só “estado”,
Para o povo brasileiro.

Vejo a fauna e suas floras
Compondo os ecossistemas.
Ouço nos campos silvestres,
O canto das Siriemas.
Vejo a linda Juriti,
E o bonito bem-te-vi,
Em lindos pés de Juremas.

Nos braços da poesia
Eu faço a todos saber,
Que o fel da desventura
Também não quero beber.
Por isso entendo o clamor,
De Eros, pra ter o amor,
Que mantém por Psiquê.

Assis Coimbra. Todos direitos reservados

Um comentário:

  1. Quando vejo um cantador
    Com a viola na mão
    Tirando verso do pinho
    De dentro do coração
    Dá uma saudade danada
    De botar o pé na estrada
    E voltar pro meu Sertão!

    Paulo Gondim

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