sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"O macaco que não gosta de banana".

Cor do textoPróximo livro do ator e autor Assis Coimbra
Um pequeno prólogo.


Oh bela e meiga musa
Estrela da poesia,
Peço-te me deixe entrar
No reino da fantasia.
Com o meu verso rimando
Na mais perfeita harmonia.

Ao Deus supremo do amor
Força da divina glória,
A vos peço inspiração
Pra narrar essa história.
Recheada de aventura
Em toda sua trajetória.

Eu vou narrar com carinho
O CRIADOR não me engana,
E sempre estará comigo
Nessa historia bacana,
Que fala de um macaco,
Que não gosta de banana.

Mas antes caro leitor
Três crianças vou citar,
Gabriela e Isabela
E Renan pra completar.
Personagens da história
Que agora eu vou contar.

As crianças são irmãs
E filhas do seu Ortiz,
E também de dona Lera
Assim o destino quis.
Que essa humilde família
Vivesse alegre e feliz.

Gabriela é mais velha
E Renan é o do meio,
Isabela filha mais nova
E por isso tem receio,
Que na hora da brincança
Deixem-lhe de escanteio.

A mãe é dona de casa
E faz tudo com carinho,
Cuidando bem da família
Gosta de tudo certinho,
E na rima do cordel
O pai ganha um dinheirinho.

Aqui os pais das crianças
Agora deixo de lado,
E passo a falar dos filhos
Num dia de feriado,
Que se encontram brincando
Se divertindo um bocado.

Brincando de pula-cela
Se divertindo eles vão,
E também de amarelinha
Que é riscada no chão,
Mas Belinha pra saltar
Pega na mão do irmão.

As brincadeiras são tantas
Dessa turminha sapeca,
Renan empina uma pipa
As duas nanam boneca,
E para imitar os pais
Fingem que tiram soneca.

Brincam de trava-língua
De parlenda e cabra-cega,
E também vadeiam de,
Bate-cara e pega-pega,
Enfim, aquele que perde
No ombro o outro carrega (...)

Abraços cheios de "ECORDELANÇAS",

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sobre a peça teatral "ECORDELANÇA".


SOBRE A PEÇA “ECORDELANÇA”.

A primeira parte do espetáculo é totalmente narrativa, versejado em sextilha, por narradores de cordel, que contam de maneira despojada, graciosa e às vezes contundente, a pegada ecológica desde a pré-história e a descoberta do fogo, até a “chegança” de Cabral ao Brasil, extraindo riquezas, como minérios e pau-brasil, entre outros, além de matar, doutrinar (catequizar) e escravizar os índios. Outro ponto enfocado na narrativa é o tráfico e venda de escravos que fez parte do processo de colonização, período em que os negros foram submetidos às mais terríveis torturas, ao mesmo tempo em que mostraram várias formas de resistência, entre as quais as fugas e a formação de quilombos, formando lideranças como, Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares. A narrativa culmina com o avanço industrial e tecnológico do Brasil até os dias atuais.
Em sua segunda parte, o espetáculo aborda as conseqüências dessa saga desenvolvimentista predatória sobre a ecologia, cuja degradação revela a face do capitalismo selvagem, que leva a um processo cada vez mais questionável, tanto do ponto de vista ambiental, quanto econômico e social. Isto porque, as conseqüências do desgaste do planeta atingem toda a humanidade, enquanto os benefícios destinam-se apenas uma pequena parte da população mundial que constitui o mercado consumidor. Em resumo, se as conseqüências negativas são globais, os benefícios do progresso não são usufruídos por todos, levando a que grande parte, se não a maioria, sobreviva sem condições dignas, no subemprego ou até mesmo nos lixões, como fica evidenciado neste trabalho, por meio de uns catadores, que têm no lixo sua única fonte de sobrevivência.


ENCENAÇÃO:

A encenação de ECORDELANÇA, que é uma adaptação do cordel A MARCHA DA HUMANIDADE E A DEGRADAÇÃO DA NATUREZA de minha autoria, enfoca quatro momentos históricos (pré-história, descobrimento do Brasil e colonização, escravidão e o avanço tecnológico). Conservei a linha narrativa e a oralidade da poesia popular (cordel), para retratar os quatro momentos citados, juntando a ação dramática ou mesmo jocosos e mantendo fiel a tônica da rima sem abrir mão da sua característica popular de origem: entreter com o riso e através dele a informação.
Outro ponto a ser destacado na direção foi à junção de bonecos (fantoches) para ilustrar os personagens citados na narrativa, juntamente com musicas, aboios e toadas acompanhados por instrumentos inerentes ao tema. O único momento em que faço uso da “quarta parede”, como costumamos falar na linguagem teatral (distanciamento ator e platéia), é a cena do catador que faz do lixo a sua sobrevivência. Retratando assim a vida de milhões de pessoas deste planeta. Com exceção da mesma, dei espaço à imaginação do ator para se comunicar com o público ao qual se destina.

Assis Coimbra.