segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cidadão?

Vejo muito “cidadão”
Dormindo até ao relento,
Que pra ganhar seu sustento
Cata lata e papelão.
No inverno ou no verão,
Ele coleta ABORRIDO,
O resto do consumido
Pela parte da nobreza,
Que não divide a riqueza
Com o pobre do oprimido.

Do jeito que a coisa vai
Quem é assalariado,
Sempre será confinado
E da miséria não sai.
Chora a mãe e chora o pai,
Em meio a tanta carência.
Porque nem mesmo a ciência,
Explica tanta maldade.
Pois no lugar da bondade
Impera a maledicência.

Sinto-me muito honrado
Em morar no meu Brasil.
Mesmo já sendo senil,
Me encontro revigorado.
Por isso vivo centrado
E sempre estendendo a mão,
Para ajudar meu irmão
Trabalhador excluído,
Que se encontra banido
Pelo o primeiro escalão (...)

Assis Coimbra: Todos direitos autorais.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Antes de vir pra cidade....


Antes de vir pra cidade
Eu morava no sertão,
Caçava de baladeira
De bodoque e mosquetão.
Pegava nhambu, preá,
E botava para assar,
No braseiro do fogão.

Mamãe trazia a cumbuca
Com farinha e feijão,
Depois misturava tudo
Pra completar o pirão.
Dizia: “Podem comer”!
Que a manhã pode não ter,
Nem angu pra refeição.

Num total de doze irmãos
Na escala eu era o quinto.
Minha mãe trabalhadeira,
Isso é verdade, não minto.
O meu pai era um tropeiro,
Viajava o mês inteiro,
Para não nos ver faminto.

Quando chegava de tarde
Ouvia mamãe chamar:
“Acabou a brincadeira”
“È hora de se banhar”.
Ouvindo isso eu corria,
E bem depressa corria,
Pro riacho tibungar.

Às vezes sinto saudade
Do vôo da passarada,
Do pio do bacurau,
Deixando a noite encantada.
Tenho lembrança da choça,
Para o descanso na roça,
No meio da milharada.

Do luar tenho saudades
Que alumiava o terreiro,
Dos vaga-lumes nas moitas
Brilhando que nem braseiro.
Do milho que a gente assava,
Quando a espiga encostava,
Na brasa do fogareiro.

Nunca me sai da lembrança
O aboiar do vaqueiro,
Que corria atrás do gado
Com seu cavalo ligeiro.
Soltando um verso bonito,
Ecoando no infinito,
Nas serras do tabuleiro.

Das estórias de Trancoso
Que toda noite eu ouvia,
Das caçadas de tatu
Do canto da cotovia.
Das festas de são Gonçalo,
Do belo canto do galo,
Quando clareava o dia.

Assis Coimbra
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Abraços cheios de “ECORDELANÇAS”.