domingo, 1 de maio de 2011
O LADO BOM DO SERTÃO.
PREFEIRO DE RIBEIRÃO PIRES CLÓVIS VOLPI, WAGNER MINEIRO E EU.
Sou nordestino eu confesso
“Cabôco” do pé rachado
Eu posso ser gente pobre
Do rico ser empregado.
Mas tenho dignidade,
Não gosto de falsidade,
De “cabra” que dá recado.
O nordestino é valente
Honesto e respeitador,
Pois pra ele tanto faz
Ser gente pobre ou doutor.
Trata todos na igualdade,
Mas detesta falsidade,
De cabra bajulador.
E não gosto de desdém
De quem pensa que é letrado
Pois o homem sertanejo
Não aceita ser debochado.
Por gente que não conhece,
Que o arroz, só “fulorece”
Depois do mato “brocado.”
Quando chove no sertão
Dá até gosto a gente ver,
Tem inhame e jerimum
Milho verde pra colher.
Tem também feijão andu,
Que é feito com cuandu,
Pro sertanejo comer.
Tudo fica colorido
Quando cresce a plantação,
Arroz dá cacho bonito
Enrama e cresce o melão.
O sertanejo feliz,
Prevendo fartura diz:
“Não deixo essa terra não".
O milho dá com fartura,
A gente come, não enjoa.
Na canjica com canela,
Ou até mesmo feito broa.
Também se come ele assado,
Na pamonha ou cozinhado,
É comida muito boa!
É também um alimento
Que se dar pra CRIAÇÃO,
Come o pinto e a galinha
PAI-DE-CHIQUEIRO e leitão.
Pro jumento e pro cavalo,
Pro gado, porco e o galo,
Também serve de ração.
O milho é também usado
Pra óleo pão e mingau,
Com ele se faz salada
Pra comer com bacalhau.
Dá um suco bem gostoso,
E um excelente GOMOSO,
Bom CHÁ-DE-BURRO e curau.
Pé de milho balançando
Com espiga bem novinha,
Parece INTÉ coisa lúdica
Lembrando uma bonequinha.
De cabelo cor carmim,
Branco, azul, AMARELIM,
Brinquedo de menininha.
Grão cozido ou mesmo cru,
Serve-se com condimento.
Pois tem vitamina boa,
E o amido pro sustento.
Ah se no mundo houvesse!
E todo “cristão” tivesse,
O milho como alimento.!
Temos boa agricultura
De melancia e feijão,
Macaxeira, arroz e fava
Muitos tipos de melão.
Tem maxixe e tem quiabo,
Jerimum e pé de nabo,
E plantios de algodão.
Tem capim de cheiro bom
Pra fazer chá com canela,
Tem a mulher benzedeira
Que levanta a espinhela.
E também tem a parteira,
Que é obstetra, enfermeira,
E quem faz o parto é ela.
Nós temos boa farinha
Que se come com feijão,
E também com carne seca
Que é socada no pilão.
Ela é danada de boa,
A gente come, não enjoa,
Com torresmo e com pirão.
Tem caldo de mocotó
Pra se comer com farinha,
Tem cuscuz feito de milho
Bem cedo, de manhãzinha.
Tem também arroz torrado,
Que se come com guisado,
Com “grolado” e passarinha.
Tem o fruto do Pequi
Que na cozinha é perfeito,
É colocado no arroz
Com feijão também é feito.
Mas coma devagarzinho,
Pois o bicho tem espinho,
Deguste com muito jeito.
Tem a sombra que refresca
Debaixo do juazeiro,
E também pé de pitomba
Bem no centro do terreiro.
Tem imenso pé de manga,
E também pé de pitanga,
E um frondoso limoeiro.
Tem fruta que satisfaz
O mais puro paladar,
Tem “ata,” tem sapucaia
E manga para chupar.
Tem o fruto sapoti,
E o gostoso buriti,
Que o suco é bom pra danar.
Tem a boneca de pano
Para menina brincar,
Também “pife” de taboca
Que serve para tocar.
Em frevos e carnavais,
Lindas notas musicais,
Para quem quiser dançar.
Tem a fruta marmelada
E também cupuaçu,
Tem até farinha seca
Pra se comer com nambu.
Tem jaca e jabuticaba,
Tapioca que não acaba,
Para se fazer beiju.
Tem sabiá saracura
Tem sibite e gavião,
Tem cheiro de chão molhado
Quando chove no sertão.
Tem cachorro bom de gado,
Que sai correndo no prado,
Jogando o touro no chão.
Terra dos babaçuais
Buritis e ingaranas,
Mororó cedro e juá
catingueira e imburanas
Tem cactos, mandacarus,
A beleza dos imbus,
cajá pinha e cajaranas.
Tem a fruta marmelada
E também cupuaçu,
Tem até farinha seca
Pra se comer com nambu.
Tem jaca e jabuticaba,
Tapioca que não acaba,
Para se fazer beiju.
Tem o pitu: A cachaça
E outro para se comer,
Bosta redonda de cabra
Que dar até pra vender.
Dizendo que é um remédio,
Pra curar inveja e tédio,
E pra corno não sofrer.
Tem bodoque e mosquetão
Que usamos para caçar,
Rolinha fogo Pagô
Mocó coelho e preá.
Tem tição fogo e braseiro,
trempe fogão fogareiro,
Pra gente poder assar.
Tem peixe Curimatá
Nos rios do meu sertão,
Tem mandi, cará, traíra
Se duvidar tubarão.
Fiz petisco e “belisquei,”
De todos que já pesquei,
Com isca de camarão.
Cordelista cantador
E também tem repentista,
Poeta improvisador
Nordestino bom artista.
Tem o Martim pescador,
Papagaio falador,
Que a tevê entrevista.
Tem o toque da sanfona
E também o sanfoneiro,
O triangulo e o zabumba
E o tocador zabumbeiro.
Tem a festa na latada,
Pro homem, pra mulherada,
No brilho do candeeiro.
No sertão tem cantoria
Que diverte muita gente,
Tem cantador com viola
Afiado no repente,
Que na hora faz um verso,
Citando nosso universo,
Deixando o povão contente.
Têm brincantes, brincadeira
Festa de reis, do divino,
Tem frevo e maracatu
Com rabeca e violino.
Tem “parará” no terreiro,
Que diverte o ano inteiro,
Homem, mulher e menino.
Tem grilo, que é o João
Seu companheiro é Chicó,
Tem também o Malazarte
Juntando os três, dá um só.
Mas esse um, vale seis,
Se duvidar, dezesseis,
Na hora de dar um nó.
No sertão tem aroeira
Que furacão não destrói,
Tem pau d’arco, tem pau-ferro
Que nem mesmo cupim rói.
Tem também o pé de fumo,
Que dele tiramos sumo,
Para se curar “dordoi”.
Tem a boneca de pano
Para menina brincar,
Também “pife” de taboca
Que serve para tocar.
Em frevos e carnavais,
Lindas notas musicais,
Para quem quiser dançar.
Tem tinta para cabelo
Do caroço de urucum,
Usada como tempero
Pra preparar jerimum.
Tem também sarapaté
Bom assado de guiné
E pitu com guaiamum.
Tem beleza natural
Do nordeste até o norte,
Tem muita mulher bonita
Magra, alta de todo porte.
Tem loira, negra e morena,
Donzela cor de açucena,
Mas lhe aviso: Se comporte!
São Luiz é capital
Do estado do Maranhão,
Onde tem festa de boi
Para louvar São João.
Tem matracas e brincantes,
Com fitas esvoaçantes.
No ritmo do pandeirão.
Tem dança de todo jeito
No nosso imenso sertão
O passo do mulundu
Xaxado, xote e baião.
Tem a dança dos Caretas
No batuque das retretas
Nas terras do maranhão.
Tem “cabôco” bom de prosa
E também compositor,
O letrado Jorge amado
Que Foi um grande escritor.
Tem o Gil e o Caetano,
Tem Tom Zé, o bom baiano,
Que também é bom cantor.
Tem gente de muita fé
Em todo nosso sertão,
Que reza pra são Francisco
Pra “santo” Frei Damião.
Tem devoto de Maria,
Que roga na sacristia,
Pra “padim Cíço” Romão.
Tem também as cantadeiras
Todas de uma mesma crença
Cantando encomendam almas
Rezando uma “incelença.”
Pedindo pra Jesus Cristo,
Que não deixe o Anticristo,
Aplicar sua sentença.
Assis Coimbra. todos direitos reservados
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