terça-feira, 24 de maio de 2011

OFICINA DE CORDEL TEATRALIZADA



A criança na foto, não faz parte do grupo, é um aluno que pediu gentilmente, e agradecidos aceitamos.

OS NARRADORES DE CORDEL têm uma proposta de trabalho para oferecer-lhes. É uma OFINA DE CORDEL TEATRALIZADA, ou seja, falaremos das origens do cordel e das primeiras manifestações no Brasil (Bahia), adaptado à estética do povo brasileiro. Citaremos o cordel rural e urbano, esclarecendo, mote, métrica, quadras, sextilhas etc. Com narrativas acompanhadas de cantos e JOGOS TEATRAIS, ao som de instrumentos típicos, situando assim, o participante na oralidade do cordel.

Abraços "CORDELADOS".

segunda-feira, 23 de maio de 2011

OS NARRADORES DE CORDEL,agradecem a todos os professores, alunos e o público em geral que acreditam em seu trabalho.

Assis Coimbra, ensinando as crianças a fazerem uma quadra em cordel.

Músico, cantor e ator Emerson Ribeiro.
Shirlei mais tres alunas, Assis Coimbra e Emerson Ribeiro. No colégio gran Leone.

Quero agradecer em nome dos “NARRADORES DE CORDEL”, ao público que nos vem prestigiando, pelo carinho, e pelo entendimento da proposta do nosso trabalho, que é semear no terreno literário, um pouco do universo da cultura popular nordestina, no caso O CORDEL. Um legado do medievo que chegou ao Brasil, no bojo dos navios portugueses e aportou na Bahia. Lá, ganhou uma nova estética dada pelos Bardos baianos, estendendo-se assim, por todo norte e nordeste do sertão brasileiro, servindo de entretenimento na voz dos cantadores, e repentistas com suas Violas ou Rabecas enfeitadas de fitas (símbolo alegórico dos brincantes) alegrando e encantando os ouvintes. Os romances (ou folhetos) também eram lidos pelos pais, avós ou outra pessoa alfabetizada, para o deleite de uma platéia atenta a cada verso rimado.
Assis Coimbra. Abraços “CORDELADOS”.

Oficina Show com Assis Coimbra e Emerson Ribeiro dos NARRADORES DE CORDEL.

Oficina show no Colégio Gran Leone, nossos agradecimentos a diretora Shirlei e todo corpo docente.

Assis Coimbra explicando que seis versos formam uma sextilha.
Assis Coimbra narrando sua vida na cidade.
Emerson Ribeiro e Assis Coimbra com alunos vestidos de NARRADORES.
Assis Coimbra e Emerson Ribeiro com aluno vestido de NARRADORES.
Emersom Ribeiro ler um cordel, enquanto Assis Coimbra representa os personagens compondo um jogo teatral.
Leutura e jogo teatral.
Leitura e jogo teatral.
Leitura e jogo teatral.
Uma pausa para o lanche.
Acreditem! Ele fez o violino "virar" rabeca!
Um toque de "CHEGANÇA".

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O homem do campo e suas verdadades ( E o Poema Matuto facetas do sertão de Assis Coimbra)



Existem situações em que a gente não tem como evitar. Esta crônica, por exemplo, que estou publicando, foi-me enviada por e-mail, acredito pelo menos três vezes por pessoas diferentes. O seu conteúdo foi a maneira que Barbosa Melo e Luciano Pizzatto, encontraram para descrever o paradoxo existente entre a realidade urbana e a do campo.

Sob o formato de uma carta/sátira, o texto além de muito interessante, transmite com muita propriedade verdades reais, inegáveis e incontestáveis. Prova inequívoca de que existe maquiagem entre a verdade urbana e a rural exaltando suas diferenças, e estas diferenças precisam ser avaliadas com mais critério e se possível eliminadas. A crônica está sendo transcrita na íntegra, sem qualquer mudança gramatical ou textual. Leia com atenção e se possível fazendo sua análise pessoal.

Com adaptação de Barbosa Melo, esta carta foi escrita por Luciano Pizzatto, engenheiro florestal, especialista em direito, sócio ambiental e empresário; Diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBAMA nos anos 1988 e 1989. Também foi ganhador do Prêmio Nacional de Ecologia.


Carta do Zé agricultor para Luis da cidade



Prezado Luis, quanto tempo.



Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo. Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.

Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo?... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?

Pois é. Estou pensando em mudar para viver aí na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos aí da cidade. Tô vendo todo mundo falar que nóis da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sítio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.

Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis?

Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né ...) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nóis num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana aí não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.

Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, aí eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ía fazer, mas só que eu sozinho ía demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, aí quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?

Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios aí da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.

Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora! Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo aí eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.

Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, aí tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Aí é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminosos aqui da roça.

Até mais Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado, pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.


Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em
dados verdaeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.

FACETAS DO SERTÃO

Poema em linguagem matuta

A vida do sertanejo
Ocê pode não sabê,
Meu amigo, nun é face
Faiz a gente internecê.
É triste inté de falá,
Mais eu vou lhe preguntá,
SERÁ QUE O CORRUPTO VÊ?

Eu já morei no sertão
Caro leitô, pode crê,
Lá vi muita criancinha
Morrê antes de nascê.
Ôtos morrerão dispois,
Por fartá pão e arroz,
SERÁ QUE O CORRUPTO VÊ?

Enquanto a cigarra canta
Num sol quente de frevê,
O trabaidô na roça
Fica esperano chover.
Se chove, ele pranta e come,
Senão ele passa fome,
SERÁ QUE O CORRUPTO VÊ?

Quem mora lá no sertão
E luita mode vivê,
Mata preá, passarin
E assa mode cumê.
Óia o que a fome faz,
Martrata a gente demais,
SERÁ QUE O CORRUPTO VÊ?

Cedo eles vão para a roça
Percurar o que fazer,
Prantam uns pezin de mio
E tumém de muçambê.
Para curar dô de dente,
Colocam um azeite quente,
SERÁ QUE O CORRUPTO VÊ?

Uma criancinha chora
Pois lhe farta o que cumê,
Sua mãe está buchuda
Ôto logo vai nacê.
O seu pai fica num canto,
Ali derrama o seu pranto,
SERÁ QUE O CORRUPTO VÊ?

Assis Coimbra: Todos direitos reservados.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Obrigado ao secretário Guto Volpi por contratar os NARRADORES DE CORDEL para a festa do Pilar de Ribeirão Pires.

Passando o som.
Chegança.
Cantando uma toada sobre os escravos.
Uma peleja sobre a indústria.
Quando Cabral cá chegou.

Amigos (as) Além das apresentações, os NARRADORES DE CORDEL realizam “palestra show”, ou seja, falamos do cordel desde as suas primeiras manifestações no Brasil (Bahia), trazido pelos portugueses e depois adaptado à estética do povo brasileiro. Citamos ainda, o cordel rural e urbano esclarecendo o mote, rima, métrica, quadras, sextilhas, heptassílabos, décimas e decassílabos juntamente com narrativas acompanhadas de canto, aboios e toadas ao som de instrumentos típicos, situando assim o espectador na oralidade do cordel. Caso tenham interesse...

Abraços “CORDELADOS”.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

OS NARRADORES NA FESTA DO PILAR. OBRIGADO SECRETÁRIO GUTO VOLPI.

AO POETA BRASILEIRO.

Meu amigo pra ti foi garantido,
Apanhar muitas flores nas campinas
Fazer versos e estrofes, obras primas
Esse dom pra você foi permitido
Pois a musa te deu sexto sentido,
Para ser um poeta de verdade,
Carregando na mente a claridade
Cintilando a mais bela poesia.
É por isso que afirmo noite e dia,
ÉS O BARDO MAIOR DA IRMANDADE.

O seu mote tem riso de criança
E a beleza do lindo BEIJA-FLOR,
O plainar bem rasante do Condor
Semeando a mais pura “aventurança”.
Faz do verso, renascer à esperança,
Ao pedinte que vagueia na cidade
Que “esmolando”, pede por caridade,
Refeição para barriga vazia.
É por isso que afirmo noite e dia,
ÉS O BARDO MAIOR DA IRMANDADE.

Autarquia de todos brasileiros
Bebe mote, digere cospe rima,
Vaz do cordel bom lirismo, obra prima.
E na métrica é também um dos primeiros.
Menestrel, entre poucos verdadeiros
Que faz trovas no campo e na cidade.
Trás na fronte a ternura do abade,
E o orgulho de toda prelazia.
É por isso que afirmo noite e dia,
ÉS O BARDO MAIOR DA IRMANDADE.

Assis Coimbra. Todos direitos reservados.

domingo, 8 de maio de 2011

WAGNER MINEIRO E ASSIS COIMBRA NA “FESTA DE NOSSA SENHORA DO PILAR”. Ribeirão Pires.


Na trupe dos NARRADORES
Você pode confiar.
Eles são bons na toada
Faz o ouvinte se encantar.
Tocam zabumba e viola,
Se duvidar castanhola,
Quando vão se apresentar.

Para a festa do PILAR
Eles foram contratados,
E logo que lá chegaram
De VATES foram chamados.
Falaram de branco e índio,
Escravo, negro ameríndio
Com lindos versos rimados.

Assis Coimbra.